The Rocky Horror Picture Show: o poder da liberdade e da diferença
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Lançado em 1975, The Rocky Horror Picture Show não é apenas um filme musical, mas um verdadeiro símbolo de resistência e liberdade. Baseado na peça The Rocky Horror Show de Richard O’Brien, o longa dirigido por Jim Sharman mistura terror, comédia e erotismo de um jeito que ninguém tinha feito antes. O que começou como uma paródia de filmes de ficção científica acabou se tornando uma das obras mais marcantes da cultura pop e um marco para o movimento LGBTQIA+.
A história começa de forma aparentemente inocente. Brad e Janet, um casal de jovens noivos, estão voltando de um casamento quando o carro quebra no meio de uma tempestade. Procurando abrigo, eles chegam a um castelo misterioso e são recebidos por personagens excêntricos: o mordomo Riff Raff, a enigmática Magenta e a dançarina Columbia. Mas o centro de tudo é o dono da casa, o Dr. Frank-N-Furter, um cientista vindo da “Transilvânia Galáctica”.
Frank está prestes a mostrar sua maior criação: Rocky, um homem perfeito feito em laboratório. A partir desse momento, o casal se vê em um mundo onde regras morais e sociais são completamente viradas de cabeça para baixo. O que parecia apenas uma noite estranha se transforma em uma jornada de descoberta, desejo e liberdade.

Na época de seu lançamento, The Rocky Horror Picture Show foi considerado ousado e até chocante. Em plena década de 1970, falar abertamente sobre sexualidade, prazer e identidade de gênero era quase tabu. O movimento LGBTQIA+ ainda enfrentava forte repressão e começava a se organizar politicamente após eventos como a Revolta de Stonewall, em 1969. Nesse contexto, o filme apareceu como uma celebração do que era considerado “anormal” pela sociedade, colocando no centro da narrativa personagens que não se encaixavam nos padrões tradicionais.
Frank-N-Furter representa exatamente isso: uma figura que mistura masculinidade e feminilidade, que não se desculpa por ser quem é e que vive o prazer como forma de afirmação. Já Brad e Janet simbolizam o público conservador da época, que vai sendo desafiado a repensar seus valores ao longo da história. Cada personagem, com seu jeito exagerado e teatral, reflete algum aspecto da liberdade de ser e desejar.
Com o tempo, o filme se transformou em um fenômeno cultural. Passou a ser exibido em sessões de madrugada, nas quais o público começou a participar ativamente das projeções. As pessoas se vestiam como os personagens, gritavam falas, dançavam o Time Warp e celebravam juntas o espírito do filme. Essas sessões viraram um espaço seguro para pessoas LGBTQIA+ expressarem sua identidade sem medo, algo raro naquela época.

Hoje, The Rocky Horror Picture Show continua atual. Mesmo quase cinquenta anos depois, sua mensagem de aceitação e autenticidade ainda fala com força a novas gerações. Em um mundo que ainda luta contra preconceitos, o filme segue lembrando que ser diferente não é um problema, é uma potência.
No Halloween, quando o inusitado e o excêntrico ganham vida, The Rocky Horror Picture Show encontra seu palco ideal. O filme transforma o medo do diferente em fascínio e faz do exagero uma forma de arte. Ao assistir, não celebramos apenas o terror e o absurdo, mas também a liberdade de ser quem somos. É um lembrete de que o verdadeiro susto não está nas criaturas da tela, e sim na ideia de esconder o que nos torna únicos..
Artigo: Habner Matheus







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