CBF em xeque: o tabuleiro político por trás do futebol brasileiro
- Convidados
- há 15 minutos
- 2 min de leitura

Se você piscou nas últimas semanas, talvez não tenha percebido o furacão que atingiu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Mas, para quem acompanha de perto, a situação escancarou o nível de instabilidade institucional da entidade que comanda o futebol nacional.
Ednaldo Rodrigues, presidente reeleito por aclamação em março de 2025, com apoio unânime das 27 federações estaduais e dos clubes das séries A e B, voltou a ser afastado por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A medida foi motivada por um episódio grave: a falsificação da assinatura do ex-presidente da instituição, Coronel Nunes, em um acordo judicial que permitiu a própria reeleição de Ednaldo. A ausência de Nunes na audiência em que tal documento seria homologado e os fortes indícios de fraude foram cruciais para o afastamento. O episódio, no entanto, é apenas mais um capítulo de uma longa e recorrente história.

Isso porque, dos sete últimos mandatos de presidentes da CBF, apenas um – o próprio Coronel Nunes, que ocupou o cargo interinamente – não foi afastado. Os demais, todos, saíram pela porta dos fundos: Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero foram afastados por corrupção; Rogério Caboclo, por assédio sexual e agora, Ednaldo, pela segunda vez, foi afastado por fraude. Com Ednaldo fora, Fernando Sarney assumiu a presidência como interventor. Embora o discurso seja de estabilidade, especialmente em torno da contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti, a verdade é que os bastidores estão em ebulição. A sucessão foi antecipada, e Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense, surge como o único candidato inscrito para o pleito do dia 25 de maio, com apoio maciço de 25 federações.

A conjuntura atual tem um agravante de peso: falta pouco mais de um ano para a Copa do Mundo de 2026, a ser realizada nos três países da América do Norte. Em tese, este seria o momento de preparação sólida e foco esportivo, mas com a CBF imersa em disputas jurídicas, denúncias e um processo eleitoral acelerado, o risco de desorganização e conflitos internos não é pequeno.
O futebol brasileiro está, mais uma vez, sendo arbitrado não apenas no campo, mas nos tribunais. E, como os praticantes do direito bem sabem, quando o jogo é jurídico, não se resolve em apenas 90 minutos.
Artigo: Thiago Giannini
Comments