Cabeça de Santo: Entre a crença e o ceticismo
- Convidados

- 10 de jul.
- 2 min de leitura

Recentemente li o livro “ A cabeça do Santo” de Socorro Aciolli,livro indicação de um clube de leitura do qual participo. O livro é maravilhoso, muito fácil de se envolver com a história, nele conhecia a Madenusa, que tem este nome em homenagem a etiqueta Mande in USA., e achei fantástico brincar assim com nomes, todos conhecemos alguém com nome que é uma junção do nome da mãe e do pai.
Além das sátiras da vida cotidiana ,o livro fala sobre a religião e de como os personagens são movidos pela fé e pelo milagre a ponto de mudar a rotina de uma cidade inteira, trazendo os que acreditam e os que se aproveitam da fé alheia.

No grupo de leitura, eis que foi dito um fato interessante, basta uma simples pesquisa nas fotos do google e eis que se descobre que a cabeça do santo existe de verdade ou seja além de ser titulo do livro e enredo principal, é possível visitar a cidade de Caridade no Ceará e fazer algumas selfies ou entrar na cabeça do santo .E ela está no chão, conforme o livro orienta o leitor, no meio da rua atrapalhando o trafego como diria Chico Buarque de Holanda .a cabeça do santo , abandonada a própria sorte e ao próprio super faturamento de uma obra faraônica que nunca saiu do chão, por falta de uma estrutura de um corpo que sustentasse a cabeça.
Para aproveitar os restos mortais do corpo sem cabeça, a cidade construiu um museu em volta dela.
Na ficção, o protagonista Samuel vai procurar o pai numa pequena cidade mas, sua avó paterna, não quer receber o neto e diz para ele se abrigar, no lugar que a principio ele pensa ser uma caverna, mas na verdade era a tal cabeça de santo Antônio. Sabendo que a cabeça do Santo casamenteiro , já dá para imaginar o rumo que a história tomou.

Outro fato importante da obra é que a autora costurou a trama em uma oficina ministrada por ninguém menos que Gabriel Garcia Marques, o Gabo para os íntimos de sua literatura, não consigo imaginar a tamanha sorte de poder participar de uma oficina de escrita com ele, mas a obra contém a personalidade de outro autor que Socorro também se declara fã de carteirinha, o brasileiríssimo, Ariano Suassuna, é fácil enxergar ele ali nas entrelinhas que ao mesmo tempo conta de um povo tão sofrido, mas com traços cômicos do dia a dia, rimado e bem contado.
Poderia falar muito mais sobre este livro, de como ele impacta, de como ele conta historias que doem na alma, de como ele a leveza e a inocência das pessoas por acreditam na fé cega, mas não quero estragar a experencia e a delícia da leitura e das descobertas que esta obra tem, então fica a recomendação de um ótimo livro escrito por uma mulher incrível e que logo terá uma adaptação para o cinema, que devido o calor, optou por usar uma cabeça cenográfica.
Artigo: Michelle Lourenceto







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