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Brinquedos para Adultos: Nostalgia, Emoção ou Consumo Disfarçado?

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    Convidados
  • 20 de jun.
  • 2 min de leitura

Arte: Habner Matheus
Arte: Habner Matheus

Em um mundo cada vez mais acelerado, tecnológico e sobrecarregado de notícias difíceis, um fenômeno curioso tem ganhado força: adultos comprando brinquedos para si mesmos. Sim, brinquedos. Aqueles mesmos que um dia fizeram parte da infância agora retornam como suporte emocional em tempos desafiadores.

O novo público dos brinquedos: os Kidults

Com a queda na natalidade e a redução no orçamento das famílias, o mercado tradicional de brinquedos vem encolhendo. Porém, as vendas não desapareceram — elas apenas mudaram de público. Hoje, estima-se que 4 em cada 5 brinquedos vendidos são comprados por pessoas acima dos 18 anos.

Esses consumidores são chamados de kidults (mistura de kid + adult). São adultos que encontram no universo lúdico uma forma de reconexão com momentos felizes do passado, em meio ao caos do presente.

Nostalgia como mecanismo de sobrevivência emocional

Por trás dessa tendência está algo mais profundo do que apenas vontade de colecionar. A nostalgia tem sido uma ferramenta poderosa para trazer conforto emocional. Os brinquedos ajudam muitos a "voltar" para um tempo onde as preocupações eram menores e a felicidade parecia mais fácil de alcançar.

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Nesse contexto, brincar — ou simplesmente colecionar itens da infância — se torna uma válvula de escape emocional. Uma forma de resistir ao estresse constante, às cobranças no trabalho, aos problemas sociais e à sensação de incerteza global.

Redes sociais, influencers e o consumo impulsivo

Outro fator que impulsiona esse comportamento é a internet. As redes sociais estão cheias de vídeos de adultos brincando ou fazendo unboxing — aquele tipo de conteúdo onde a pessoa abre um produto novo diante das câmeras. Isso gera desejo de consumo imediato.

Cada vez que um influenciador mostra um novo brinquedo, os estoques desaparecem em minutos. A emoção se mistura ao marketing, e o brinquedo deixa de ser apenas um objeto: se transforma em promessa de felicidade instantânea.

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Mas até que ponto isso é saudável?

É aí que vale o questionamento: será que tudo isso não passa de uma falsa sensação de bem-estar emocional? Estaríamos apenas nos distraindo enquanto deixamos de lidar com os problemas reais da vida?

Vivemos uma inversão: as crianças estão trocando os brinquedos por telas, enquanto os adultos tentam resgatar o lúdico perdido. Só que, em muitos casos, esse resgate vem atrelado a um consumo desenfreado e inconsciente, promovido por algoritmos e interesses de mercado.

 

 

Estamos sendo marionetes do sistema?

Essa busca por conforto por meio do consumo pode nos levar a uma alienação sutil. Enquanto compramos brinquedos para nos sentirmos melhor, deixamos de refletir sobre nossas responsabilidades individuais e coletivas.

A pergunta que fica é: será que estamos realmente cuidando da nossa saúde emocional, ou apenas distraindo a mente para continuar sobrevivendo no automático?


✨ Para refletir:

Brincar pode sim ser um ato de autocuidado. Mas é importante não confundir isso com consumir desenfreadamente para preencher vazios que precisam de atenção mais profunda. Talvez o segredo esteja em resgatar o lúdico com consciência, e não como fuga da realidade.



Artigo: Michelle Lourenceto

 
 
 

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