top of page
Foto do escritorGlória Farracha de Castro

O abuso da cultura do cancelamento

Atualizado: 29 de jul. de 2022


O abuso da cultura do cancelamento

Ultimamente fala-se muito em “cultura do cancelamento”, ao meu ver, o movimento se deturpou e se perdeu ao longo do caminho. Inicialmente, o movimento consistia em, através das redes sociais, repudiar comentários ou ações de cunho preconceituoso, tais como, homofobia, machismo, xenofobia, entre outros.


Basicamente, se um indivíduo (principalmente famosos) praticava tais atos ou propagava falas preconceituosas ou que afrontavam a moral da sociedade, ele era cancelado. Ou seja, essa pessoa era repreendida nas redes sociais e com isso sofria as consequências, como perda de seguidores e patrocínios.


Como dito anteriormente, era uma maneira de repreender e até mesmo conscientizar os indivíduos contra as mil variantes formas de preconceito e no início o movimento tinha tudo para dar certo. Contudo, creio que as pessoas começaram a tender para uma grande intolerância e um “linchamento virtual”. Ao invés de conscientizar os demais, os canceladores iniciaram uma série de comentários maldosos e que tomavam uma proporção tão grande que afetava a vida pessoal dos cancelados.


Recentemente, temos o exemplo da ex-participante do BBB 21 Karol Conká. Durante sua participação no programa, a integrante teve sim comportamentos inadmissíveis, como por exemplo, a tortura psicológica, e automaticamente foi cancelada pelos telespectadores. No entanto, esse cancelamento foi muito longe, até seu filho foi ameaçado de morte e a mesma, ao sair do programa, foi escoltada até o seu hotel.


Com isso, faço o seguinte questionamento, ao se cancelar alguém com tanto ódio e intolerância, não se está propagando o mesmo comportamento do cancelado? Acredito que sim, comportamentos e falas preconceituosas devem ser repreendidos. Mas, não com ódio e intolerância, e sim com educação e conhecimento. Pois, o principal objetivo não deveria ser cancelar e punir a pessoa pelo seus erros, e sim fazer com que ela aprenda através deles, para que assim não os repita.


Martirizar um indivíduo não adianta de nada, pelo contrário, com essa onda de opressão e repressão, o cancelador acaba assumindo um papel muito parecido com o do cancelado. Não se combate preconceito com ódio, não se combate intolerância com mais intolerância. Portanto, acredito que cancelar os demais não é válido. Devemos conscientizá-los e não repudiá-los com ódio. Penso que, ensinar e apontar os erros é muito mais saudável e benéfico do que simplesmente cancelar alguém.


Comments


bottom of page