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Liniker: Voz, corpo e verdade

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    Convidados
  • 26 de set.
  • 2 min de leitura

Arte: Habner Matheus
Arte: Habner Matheus

Liniker é dessas artistas que não apenas cantam, mas habitam a música. Sua voz não vem só da garganta, vem do corpo inteiro, dos olhos que se fecham quando o verso pede silêncio, das mãos que desenham no ar a dor e a delícia do sentir. Desde que surgiu, ainda em Araraquara, trazendo consigo um punhado de canções e a coragem de se mostrar inteira, Liniker se tornou um sopro de verdade na música brasileira. Sua trajetória, que começou com os Caramelows em um quarto improvisado, já anunciava: havia ali uma artista que faria da vulnerabilidade um lugar de força.


Suas músicas são cartas abertas ao amor em todas as suas formas. “Zero” foi o primeiro grito íntimo que alcançou multidões, uma declaração delicada que parecia cochichar no ouvido de quem ouvia, lembrando que o amor pode ser bonito mesmo quando atravessado pela ausência e pela espera. Depois vieram tantas outras, que misturam o soul, a MPB, o R&B, sem nunca perder o tom daquilo que é mais humano, a necessidade de se entregar e de se reconhecer no outro.


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Em Indigo Borboleta Anil, Liniker mostrou maturidade e delicadeza. Mas foi em Caju que ela se permitiu florescer ainda mais. Esse álbum é um abraço quente, um reflexo de si mesma em um momento de descoberta e de afirmação. Caju soa como um alter ego, uma parte dela que se revela ao mundo com cores mais vivas, com a liberdade de experimentar, de rir, de dançar, de se apaixonar por si. É um trabalho que parece nascer do colo e da calma, um convite a olhar para dentro e, ao mesmo tempo, a se abrir para o outro.


Quando escuto Caju, sinto como se Liniker estivesse falando comigo de perto, olhando nos meus olhos e dizendo que é possível existir com verdade, que o amor pode começar dentro da gente antes de alcançar o mundo. O álbum me passa essa sensação de luz, de frescor, de vida que pulsa sem medo. É delicado e imenso ao mesmo tempo, como um pôr do sol que se estende no horizonte, como um fruto doce que amadurece no tempo certo.

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O sentimento que Liniker passa não cabe em uma definição única. Há ternura quando canta baixinho, há dor quando a voz rasga, há desejo quando o corpo se move no palco, há liberdade em cada palavra que afirma sua existência. Para muita gente ela é mais do que cantora, é espelho, é acolhimento, é a prova viva de que a arte pode ser um lugar de cura. E para mim, ouvir Liniker é como encontrar um pedaço de mim mesmo nas notas, é como ser visto de um jeito que poucas vozes conseguem.


Escutar Liniker é como mergulhar em um rio profundo. Por vezes a correnteza é suave e nos embala, em outras é forte e nos arrasta, lembrando que viver também é se deixar atravessar. Sua arte não se limita a notas ou letras, mas se expande em sentimento, em presença, em verdade. Liniker canta para dizer que amar é revolucionário e que existir, com toda a sua beleza e fragilidade, é o gesto mais poético de todos.


Artigo: Habner Matheus

 
 
 

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