Conta-nos o jornalista Florestan Fernandes Jr que quando estava escrevendo sua obra, “Histórias do Poder – 100 anos de política no Brasil” (cuja leitura é indispensável para compreender o Brasil, adiante-se), solicitou uma entrevista com o ex-Presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães.
Como político experiente que era, pediu para conversar antes da entrevista. E que, Antônio Carlos Magalhães, durante a conversa que tiveram em seu gabinete, falou pelo telefone com José Sarney como se não houvesse um jornalista na sala. Dizia: “Sarney, estão querendo me intrigar com a Roseana. Ela é minha candidata, você sabe disso. Acho que esse é mais um motivo para você ser o candidato à minha sucessão.
É isso que eles não querem”. Estava plantando a notícia.
Desse relato histórico, percebe-se a importância de extrair de qualquer conversa as entrelinhas, principalmente no ambiente profissional. Ou seja, compreender aquilo que não foi falado, embora isso se constitua como verdadeiro objetivo do outro interlocutor(a). Nesse desafio, a atenção aos gestos e às expressões é fundamental. Somente assim será possível construir uma negociação exitosa.
É fato que no mundo pós Covid-19, aonde borbulham reuniões em ambientes virtuais, a análise das entrelinhas torna-se mais difícil. Todavia, esse fenômeno não afasta a necessidade de enfrentá-las. Afinal, são nas entrelinhas que se encontram as soluções, mesmo porque, em determinadas situações, dizer não é dizer sim.
Carlos Alberto Farracha de Castro
Advogado – Doutor em Direito UFPR
Revisão textual: Jhenyfer Nareski
https://instagram.com/j.nareski?igshid=YmMyMTA2M2Y=
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