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Foto do escritorDaniela Amaral

Guardiões do Galáxia Vol. 3


Se despedir de alguns amigos é como deixar uma parte da sua história no passado, ainda mais se eles inexistem no mundo real. Sim, a magia do cinema pode nos causar sentimentos estranhos, complexos e até alucinados, se posso assim dizer. E foi desse modo que eu saí daquela sala de cinema, feliz por revê-los e certa de que posso revisitá-los quantas vezes quiser, mas com medo de um fim.


Guardiões da Galáxia não é apenas uma superprodução da Marvel, pois a trilogia vem embalada a uma trilha sonora apreciada por muitos. Músicas de um tempo muito anterior a de muitos fãs, da infância de uns e da adolescência e juventude de outros.


Como não dançar com o Quill no início do primeiro filme ao som de Come and get your love, de Redbone, quando ele saca seu walkman? Fascinada pela cena e mesmo sabendo que ele está em um mundo cheio de tecnologias avançadas que vão muito além da minha compreensão, sinto uma sensação de orgulho daquele pequeno e obsoleto objeto terráqueo. Quantas vezes me peguei assistindo aos filmes e pensando “Nossa! Imagine quando o Quill conhecer o Spotify!”


E absorta a tudo aquilo, mergulhada naquela dimensão, esqueço que estou diante de obra fictícia. Ali a imaginação e a realidade insistem em caminhar lado a lado, naquele momento sinto ser muito além do que sou.


No segundo filme continuamos envolvidos pelas músicas e as amamos por trazerem novamente aquele ar de saudosismo. Lá vem a trilha sonora nos dizendo “Parabéns, humanos! Vocês também podem criar ao invés de somente destruir”.


Mas, agora, cuidado! Lá vem spoiler.


O terceiro filme começa ao som de Creep, de Radiohead, e imediatamente eu penso “Por favor, ainda não... fiquem um pouco mais”. Afinal de contas, eu agora aprendi a falar a língua do Groot, entendi a dor e a beleza do Rocket, o amor da Nebulosa – aquela mulher meio humana e meio máquina –, e que família é uma construção diária e é o amor que constrói essa liga!


Por fim, as luzes se acendem e me tiraram da imensidão do universo, me trazendo novamente para o meu pequeno mundinho azul, também denominado planeta Terra.

Essa é a magia e a maldição do cinema: em um instante está vivendo os sonhos, tragédias e alegrias dos super-heróis e, no momento seguinte, é arremessada de forma abrupta para a sua própria linha do tempo. É hora de levantar, juntar o balde de pipoca e partir. Deixando os amigos imaginários para trás e esperando que haja um novo reencontro.


Por fim, caminho até a escada em direção e saída e simplesmente sussurro:


Hey (hey) what's the matter with your head, yeah Hey (hey) what's the matter with your mind and your sign and oh Hey (hey) nothin' the matter with your head

Come and get your love


Daniela Amaral

Pinhais, 6 de junho de 2023.

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