Alessandro Silverio, advogado criminalista graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), doutor em Direito Penal pela Universidad Del Museo Social Argentino (UMSA) e especialista em Advocacia Criminal pela Universidade Cândido Mendes, dentre outras qualificações é profissional escolhido para a primeira entrevista do blog. Criminalista por convicção, o professor de Direito Penal relata que a docência foi um turning point de sua vida profissional, ocorrido aos 26 anos, quando começou a dar aula na Universidade Positivo. Para ele, o gesto de confiança da instituição foi um fator muito importante em sua carreira. O criminalista relata que era apaixonado por lecionar e pontua que a troca de informação entre aluno e professor cria uma sinergia muito rica para ambos. Confira outras visões de Silverio nesta entrevista exclusiva ao blog, concedida neste início de outubro, em uma conversa em seu escritório.
1) O que levou o doutor a escolher o Direito Penal?
O advogado relata que em sua época de juventude tentou ser jogador de futebol, até brinca ser um jogador de futebol frustrado e, que em virtude disso, em suas palavras “tomei um impacto na vida”. Que à época residia em São Paulo e resolveu então prestar o vestibular para Direito. Já na faculdade, o atual penalista já demonstrava afeição e interesse pela área, sempre perguntando para seu pai (também formado em Direito) a respeito de casos criminais célebres. O jurista conta que sempre foi um pouco anárquico, segundo ele “eu tenho um espírito um pouco anarquista, não sou de respeitar regras de comportamento, mas fui criado por uma família onde a honestidade era o valor fundamental.” Sendo então essa junção de sua ótima base familiar mais sua personalidade que fizeram o Direito Penal sua escolha perfeita. “Qual era a forma de exteriorizar esse meu lado subversivo? Defendendo aqueles que porventura tivessem tido o infortúnio de infringir a legislação penal”, conta Silverio. O advogado também relata que desde o segundo ano de faculdade avisou seus familiares que seria advogado criminalista. O doutor afirma sobre a profissão “eu me encontrei ao escolhê-la.”
2) Qual o maior desafio da área Penal?
“Acredito que um dos desafios é você conseguir não tergiversar com o direito do outro. Quando se aceita uma causa, independentemente do valor cobrado, da importância que a sociedade atribui àquela causa, você tem que fazer de tudo pelo seu cliente. Mas tudo no limite ético.” O criminalista considera fundamental que o advogado tenha vontade de resolver o problema do cliente, estabelecer limites do que pode e não pode fazer em nome do cliente e seguir cegamente esses limites. E em sua visão o maior desafio de todos é “conseguir temperar qualidade técnica, ou seja, conhecimento jurídico e doutrina, com a realidade dos tribunais. Silverio relata que às vezes existem advogados brilhantes tecnicamente, mas que não possuem o “jogo de cintura” (com suas palavras), para obter sucesso em suas causas. E finalizando a pergunta, o doutor afirma “acho que essa mistura de coisas que torna a advocacia criminal tão sedutora, tão atraente, o gosto amargo da derrota e o gosto agridoce da vitória. Afinal advogar é perecer e triunfar.”
3) Um conselho para quem quer ingressar na área.
O criminalista pontua mais uma dificuldade que considera muito pertinente: “como você demonstrar para o mercado o teu valor como advogado, esse é o mais difícil na advocacia”. O doutor relata que além do talento é necessário ter resiliência para continuar no mercado de trabalho. De acordo com ele, “a advocacia criminal é muito competitiva e muito difícil se estabelecer no mercado”. E tendo em vista que hoje o profissional é de grande renome e prestígio, afirma que no início de sua carreira enfrentou tais desafios. Tendo a noção de que o direito penal seduz e que muitos sonham com a área o criminalista afirma que, mesmo assim, existem inúmeros desafios ao longo do percurso. Desde a captação de clientela até se manter fiel a seus valores. Como pontua o doutor: “jamais deixar seus valores de lado. Você tem que saber quem você é, de onde você veio, para onde você quer ir e, sobretudo, a forma com que você quer chegar até lá.” O penalista afirma ainda que ao longo da vida aprendeu que o caminho mais curto, nem sempre é o melhor. E segundo o renomado advogado, a advocacia criminal só pode ser exercida com três fatores, e em suas palavras, “ela é filha da ética, da moral e da razão.” Silverio salienta: não adianta ser um ótimo criminalista e infringir esses valores.
Comments