Uma pergunta rápida para o ChatGPT pode trazer várias formas de usar a inteligência artificial (IA) para ajudar na escola, na leitura, na matemática e dar diversas dicas de como os alunos podem se envolver mais com o ambiente escolar, além de aproveitar ferramentas tecnológicas. Seria ideal que os professores não precisassem cumprir prazos rígidos, seguir conteúdos programáticos extensos e gerenciar turmas com 30 alunos ou mais, para poderem planejar aulas tão fascinantes quanto as que a IA sugere.
Atualmente, em escolas de todo o país, discute-se o fim do uso de celulares dentro da sala de aula. Notícias, pesquisas e vídeos mostram como os professores estão desgastados com essa situação. Proibir o uso dos dispositivos pode ser um primeiro passo para estabelecer limites – um problema que, na verdade, deveria ser enfrentado inicialmente no ambiente familiar. No entanto, a escola acaba assumindo essa responsabilidade, uma vez que, em diversos momentos sociais — como restaurantes, viagens e passeios —, a família permite o uso irrestrito dos celulares. Basta surgir um instante de ócio para a tela substituir a interação humana. Nesse contexto, faz sentido a criança não poder usar o celular na escola?
Essa é uma pergunta difícil de responder. Soluções superficiais, como simplesmente proibir, ignoram a complexidade do tema. Estamos na era digital, em que todos possuem celulares e dependem deles para facilitar a vida. Durante a pandemia, os dispositivos foram nossa única forma de manter contato com a família, participar de aniversários e assistir a aulas. Assim, faz sentido agora simplesmente proibir sem antes promover diálogos com as famílias sobre condutas adequadas, os momentos certos para o uso e, acima de tudo, sobre respeito?
Essa geração de pais não é nativa digital como seus filhos e, muitas vezes, não sabe como lidar com os desafios impostos pela tecnologia. Não compreendem os limites adequados, nem os impactos a longo prazo dessa relação com os dispositivos. Já sabemos que crianças e adultos estão mais ansiosos, que o poder dos algoritmos é imenso e que há uma falsa sensação de controle ao monitorar o acesso dos filhos com senhas, acreditando que isso resolverá o problema.
No último Dia das Crianças, as empresas de brinquedos registraram queda nas vendas, pois muitas crianças preferem ganhar celulares. Esse desejo transformou-se em um sonho que, paradoxalmente, pode roubar sua infância, trazendo diagnósticos precoces de transtornos e uso de uma série de medicamentos para controlar os sintomas decorrentes de falta de afeto e de convívio real. Esses são problemas que, inevitavelmente, impactam a vida de qualquer pessoa.
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