Sou a moça que não sentou na mesa da santa ceia!
A foto viralizou, mas será que ninguém notou que nem eu, nem minhas irmãs e nem Maria Madalena – tão amiga do anfitrião – fomos convidadas para sentar à mesa e participar da ceia?
Quem será que criou as proibições, os espaços específicos e os restritos?
Comigo, caminha, anda, respira e transpira a moça que não foi convidada; a outra que foi queimada na fogueira e até aquela que, ainda hoje, carrega a invisibilidade de todas.
Sou dessas que, num dia distante como hoje, numa aula de catequese tradicional, debruçou o olhar para a foto desbotada e admirada – do quadro da ceia – para questionar: por que nenhuma mulher estava sentada naquela mesa?
Ah, essa menina está endiabrada! Foi o que a catequista deve ter pensado. Naquele dia, ouvi uma resposta fantasiosa e claro que não fiquei convencida.
Ainda bem que o tempo é uma cama adornada, na qual podemos repousar cansaços, ensaiar cantigas, revirar insones indagações e acordar as respostas de tantos porquês.
Por isso, eu apoio a moça que está na foto do quadro da vida, em pé, sentada, na mesa, no altar, no palco, no ônibus, na estrada...
Moça, apareça nas fotos para homenagear as invisíveis, as atuais e também àquelas que viveram há muitos séculos.
Revisão textual: Jhenyffer Nareski Correia - @j.nareski
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