A relação entre futebol e política é complexa e multifacetada. O futebol, como esporte de massa, tem um enorme poder de mobilização social. Este poder não passa despercebido pelos políticos, que frequentemente utilizam o futebol como uma plataforma para promover suas agendas, legitimar seus governos ou desviar a atenção de crises políticas.
O futebol é uma forma de 'soft power', onde países usam o esporte para melhorar sua imagem internacional e fortalecer laços diplomáticos. A Copa do Mundo, por exemplo, é frequentemente utilizada como uma oportunidade para mostrar o progresso e a cultura de uma nação, muitas vezes, mascarando a dura realidade vivenciada nesses países - principalmente quando os holofotes não estão apontados.
Governos frequentemente exploram o sucesso de suas seleções nacionais para fomentar um sentimento de patriotismo e coesão social. Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), o futebol foi amplamente utilizado como uma ferramenta de propaganda. A vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970, é um exemplo clássico de como um triunfo esportivo foi utilizado para promover uma imagem positiva do governo. Organizar grandes eventos funciona como uma distração temporária.
A Itália, sob o regime fascista de Benito Mussolini, sediou a Copa do Mundo de 1934. Mussolini usou o evento para promover o fascismo e demonstrar a superioridade italiana. A vitória da Itália no torneio foi vista como uma grande propaganda para o regime. É dizer, um triunfo futebolístico mascarou a maior manifestação de fascismo da história.
Outro clássico exemplo ocorreu durante a Copa do Mundo de 1978, realizada na Argentina durante a ditadura militar de Jorge Videla. O governo usou o evento para melhorar sua imagem internacional e desviar a atenção das graves violações de direitos humanos que ocorriam no país. Por mais que tenha servido como uma positiva distração para o povo, a vitória da Argentina foi apresentada como uma validação do regime militar.
Da mesma forma que o futebol pode influenciar a política, os contextos políticos frequentemente moldam o esporte. Em muitos países, o futebol é fortemente regulamentado pelo governo. Políticas sobre financiamento, construção de infraestrutura esportiva e organização de ligas e torneios são muitas vezes decididas em nível estatal.
No entanto, é importante destacar os benefícios significativos que o futebol traz para as nações que enfrentam dificuldades.
Para muitas dessas nações, o futebol serve como uma válvula de escape e uma fonte de esperança. Ele proporciona momentos de alegria e união em tempos de adversidade, permitindo que as pessoas esqueçam temporariamente seus problemas e se concentrem em algo positivo. Além disso, o futebol pode ser uma ferramenta poderosa de inclusão social, oferecendo oportunidades para jovens de comunidades carentes se envolverem em atividades construtivas, e até mesmo mudarem suas vidas por meio do esporte. Em contextos de guerra ou crise econômica, o futebol pode ser o ponto de encontro para a expressão coletiva de identidade e orgulho nacional.
Ao reconhecer e compreender essas interseções, podemos apreciar melhor a profundidade e a importância do futebol não apenas como um jogo, mas como um fenômeno global com repercussões significativas. Há de se valorizar a celebrar o futebol como uma força positiva na sociedade.
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